quarta-feira, 22 de abril de 2015

O Esperado Fim


Há dias que não amanhece em nós. Lá fora já é dia claro. Mas, lá no íntimo a negra noite perdura. Abrimos janelas, cortinas e portas na esperança de que alguma luz entre. Nada. Apenas o silêncio e o vazio. Escuridão. E tentamos trazer à tona tudo o que um dia fomos. Não lembramos de muita coisa. A escuridão faz isso com nossas mentes: apaga  as lembranças de quem somos. E ai, já não há o que fazer. Morremos lentamente, “como a noite que amanhece”. Mas na verdade, não amanhecemos, a noite é que nos envolve e sufoca e o fim chega. E essa sequência de fatos e desventuras se repetem dia após dia, em um ensandecido ciclo vicioso de vida que não acaba, mas nos consome. E apenas seguimos na esperança de que tudo finalmente acabe.