Ouço quando me
chamas. Escuto tua voz dizendo meu nome. Mas a verdade é que me perdi em meio
aos labirintos que eu mesmo criei. Pois, na ânsia de preencher meus vazios, construí
pontes, abri caminhos. E já não há como voltar. Me perdi em mim mesma. E ouço
quando mês chamas. Escuto quando dizes meu nome. Mas quanto mais caminho dentro
de mim, mais me perco nesta minha densa escuridão. Em alguns destes caminhos,
encontrei uma porção de ouro, mas ele não iluminou meus passos, apenas ofuscou
meus olhos. E já não vejo como voltar. Eu ouço quando me chamas. Escuto quando
dizes meu nome. Mas quanto mais caminho, percebo a escuridão de mim se alongar
e já não há volta. Não há como fugir de mim. Do que sou. Esta escuridão é
minha. Este labirinto me pertence. Os caminhos escuros? Eu os criei. Mas eu
ouço quando mês chamas. Escuto quando dizes meu nome. Mas nem ouso responder. A
escuridão já me consome. E aos poucos, enquanto sinto meus pés vacilarem,
percebo o enorme silêncio que me ocupa. Já não ouço quando me chamas. Nem
escuto dizeres meu nome. Meus olhos apenas se fecham e me entrego lentamente a
minha escuridão.